Faixa

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sábado, 27 de dezembro de 2014

"Opinião" (27/12/14) do Estadão sobre a defesa contra a publicidade mercadológica abusiva dirigida às crianças

Natal de Goebbels (1939)

Duas pérolas de Goebbels e uns comentários na defesa contra a publicidade mercadológica abusiva direcionada às crianças: "A essência da propaganda é ganhar as pessoas para uma ideia de forma tão sincera, com tal vitalidade, que, no final, elas sucumbam a essa ideia completamente, de modo a nunca mais escaparem dela" e, "uma mentira contada 1000 vezes torna-se verdade."

O "Estadão" e as demais empresas da oligarquia do mercado/comunicação no Brasil não fazem mais do que defender seus próprios interesses e, certamente que para isso invocarão outas interpretações de pontos e vírgulas à própria Constituição. Fazem isso nesse artigo de "Opinião" e, vai saber se não estão torcendo - ou construindo factoides - para qualquer assunto do tema dessa guerra de interpretação da Constituição ser tratado lá no STF com, digamos, Gilmar Mendes...

A defesa para qualquer regulamentação estar apenas dentro das ações do pomposo CONAR se passando por legítimo deliberador da causa vem sendo feita há tempos e, o PDC 1460/2014 está lá no Congresso em meio à tramitação, no que parece apenas aguardando o reinício dos trabalhos legislativos de 2015.


Do lado de cá, ou fazemos muito barulho e mobilização entre as gentes brasileiras desconstruindo as "mentiras" e alertando sobre a "essência" dessa propaganda abusiva, ou seremos vencidos de batalhas em batalhas nessa guerra declarada e de ofensivas daquela oligarquia...

Leo Nogueira Paqonawta

Leia o artigo "Opinião" do Estadão (27/12/14) clicando aqui.

segunda-feira, 22 de dezembro de 2014

A batalha pela publicidade infantil


A batalha pela publicidade infantil

A gigante Maurício de Sousa Produções prevê caos econômico se restrições forem impostas, mas entidades defendem resolução que trata propaganda como abusiva

Por Paloma Rodrigues
Publicado 22/12/2014

A publicação de um estudo contratado pela gigante do entretenimento Maurício de Sousa Produções (MSP) neste mês esquentou a briga pela legitimidade do mercado publicitário infantil. A pesquisa questiona resolução do Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente (Conanda) que considera a publicidade infantil abusiva, e pinta um quadro de desastre para a economia caso a recomendação seja cumprida. Em 2015, o tema deve continuar mobilizando forças dos dois lados, pois será debatido no Congresso.

O levantamento divulgado pela MSP foi realizado pela GO Associados. Segundo os números, a produção destinada ao público infantil gera 51,4 bilhões de reais em produção na economia nacional, 1,17 bilhão de empregos, mais de 10 bilhões de reais em salários e quase 3 bilhões em tributos. Com as propostas do Conanda em prática, que restringem nas peças publicitárias o uso de linguagem infantil, de personagens e de ambientes que remetem à infância, as perdas seriam, segundo a MSP, de 33,3 bilhões em produção, cerca de 728 mil empregos, 6,4 bilhões em salários e 2,2 bilhões em tributos.

Para Ekaterine Karageorgiadis, advogada do Instituto Alana, dedicado à garantir condições para a vivência plena da infância, a decisão do Conanda é baseada na Constituição, na qual a propaganda infantil é classificada como abusiva, e portanto ilegal. Para Karageorgiadis, o problema é que a fiscalização do material televisivo, impresso e radiofônico não é eficiente. "Justamente porque essa publicidade continua existindo, o Conanda traz uma norma que dá a interpretação, para que o juiz, promotor ou o Procom possam identificar de maneira mais fácil o abuso", afirma. Karageorgiadis rebate a tese de caos econômico apresentada pelo MSP. Segundo ela, a resolução não tem impacto sobre a produção de produtos como brinquedos, cadernos e alimentos. Eles poderão continuar a ser produzidos, diz ela, mas terão de ser divulgados aos pais, em propagandas realizadas em canais adultos e sem elementos do universo infantil. "O licenciamento para entretenimento não é afetado: os desenhos continuam existindo, os brinquedos continuam existindo, o problema é a comunicação que se faz disso", diz.

A advogada relata caso em que a propaganda é feita até mesmo dentro das escolas. "Há denúncias de canais infantis que vão em escolas e distribuem brindes de novelas que estão sendo realizadas", diz. "A novela infantil pode ser realizada, mas um grupo de agentes ir à escola distribuir maquiagens e cadernetas não pode". Para a MSP, dona dos projetos que envolvem a Turma da Mônica e maior estrutura de licenciamento da América Latina, isso não impede a perda de empregos e diminuição do mercado.

Mônica de Sousa, diretora executiva da MSP, disse que a principal preocupação da empresa é o impedimento da "comunicação mercadológica dirigida à criança", o que afetaria a comercialização de diversos produtos da MSP, como cadernos, livros e até uma linha de macarrão instantâneo dos personagens da Turma da Mônica. "Os artistas responsáveis pela criação desses desenhos e personagens serão triplamente prejudicados. De um lado, seus desenhos deixarão de ser atrativos para as emissoras de TV, já que elas não poderão fazer comerciais nos intervalos dos programas. De outro, suas criações não poderão ser emprestadas a quaisquer produtos", diz ela. "E, por último, eles não poderão promover shows e espetáculos com seus personagens, já que a resolução veta o patrocínio em eventos dirigidos ao público infantil", completa.

Um exemplo para dar forma à disputa em questão é a peça publicitária desenvolvida pela MSP para a Vedacit. Em maio deste ano, o Ministério Público do Estado de São Paulo enviou um ofício ao Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária (Conar) questionando uma propaganda da Mauricio de Sousa Produções, Otto Baumgart e Climanet. Na peça publicitária divulgada na internet, os personagens da Turma da Mônica utilizavam a linha de impermeabilizantes Vedacit. O processo foi arquivado pelo Conar, que aceitou a justificativa de que "não havia confusão entre conteúdo editorial e comercial". O Conar é criticado por ser um órgão da iniciativa privada e não aplicar as leis governamentais, mas as leis de seu regimento interno, que preveem multas e restrições a empresas que restringirem seu código de ética.

A advogada do Alana questiona o teor da peça publicitária. "Por que um produto químico, um impermeabilizante de telhados, precisa dialogar com a criança? A publicidade se usa de um personagem que não gosta de água, cria novos personagens, os "amiguinhos Vedacit" e se utiliza de uma linguagem infantil", diz Karageorgiadis. Segundo ela, mesmo sem ser do interesse da criança, ao ir à uma loja de construções com a família, ela será uma intermediária na compra do produto. "Para vender o Vedacit eu preciso mesmo de toda essa estratégia?".

Do outro lado, Mônica diz que a propaganda não foi destinada às crianças e que a produção das histórias em quadrinhos que continham os personagens da Vedacit e o personagem Cascão eram voltadas ao público adulto. "É bom lembrar que nossos personagens têm 50 anos e portanto fazem parte do imaginário de diversas gerações de adultos", diz Mônica. "Esse é um bom exemplo de como a restrição total e irrestrita proposta na resolução pode afetar a própria existência dos personagens." "É o fim dos personagens, pois eles não poderão mais estar em lugar nenhum", diz a herdeira do criador da Turma da Mônica e inspiradora de seu principal personagem.

Mônica ainda defende que a autorregulamentação da publicidade se aprimore, mas rechaça as proibições. "O Brasil possui hoje 22 normas que restringem a publicidade dirigida à criança, mais do que o Reino Unido, com 16 normas, e que os Estados Unidos, com 15. Se há excessos – e numa sociedade complexa como a nossa, é claro que eles ocorrem – é preciso continuar a aperfeiçoar essas normas", defende Mônica. "Mas proibir totalmente tanto a publicidade quando o licenciamento de marcas, como propõe o Conanda, é condenar os brasileiros a consumir única e exclusivamente a produção de conteúdo infantil estrangeira."

O vice-presidente do Conar, Edney Narchi, também critica a resolução do Conanda. "A mão pesada do Estado constitui uma afronta à liberdade de expressão e vilipendia o direito de cada família brasileira de criar seus filhos da maneira que acha correta”.

Papel dos pais. O papel dos responsáveis é um dos principais pontos de discussão dos dois lados. A presidente da Associação Brasileira de Licenciamento, Marici Ferreira, afirma que a resolução do Conanda usa a displicência dos pais no cumprimento do seu papel em "dizer não". "Pais ocupados e ausentes começaram a encontrar dificuldade para balancear regras e liberdade, autonomia a autoridade", afirma em nota. Ela ainda diz que a resolução tem "viés claramente paternalista" e "tenta ocupar quando minimiza o papel dos pais na educação e se investe da autoridade de decidir o que é melhor para seus filhos".

Karageorgiadis, do Instituto Alana, rebate. "Os pais certamente têm um papel fundamental na educação das crianças, mas a responsabilidade pela criança não é exclusiva dos pais, é dever do Estado, família e sociedade assegurar à essa criança prioridade absoluta", diz.

Em 2015, a briga seguirá no Congresso. Um projeto de lei do deputado Milton Monti (PR-SP) tenta derrubar a decisão do Conanda. Em novembro, o projeto recebeu parecer contrário da deputada Benedita da Silva (PT-RJ) na Comissão de Seguridade Social e Família da Câmara. A questão ainda passará pela Comissão de Constituição e Justiça antes de seguir para votação na Câmara e no Senado.

Reproduzido de Carta Capital
22 dez 2014

segunda-feira, 15 de dezembro de 2014

A sociedade está mudando e não queremos mais a publicidade infantil abusiva dirigida às crianças


Publicidade infantil: estudo sobre impactos econômicos de proibição reacende debate

Adriana Franzin - Portal EBC

Um estudo feito a pedido da empresa Maurício de Sousa Produções (MSP) calcula que a cadeia produtiva do setor de conteúdo infantil terá prejuízos de cerca de R$ 33 bilhões e fechamento de 700 mil empregos, caso seja acatada a resolução 163 do Conanda (Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente), que considera abusiva toda a publicidade e comunicação mercadológica dirigida à criança e ao adolescente.

levantamento feito pela consultoria GO Associados , divulgado na última semana, afirma que as perdas salariais chegariam a R$ 6,4 bilhões e haveria um recuo de R$ 2,2 bilhões na arrecadação do governo. Monica Sousa, filha do cartunista e criador da Turma da Monica – a maior produtora de conteúdo infantil do país –  defende que a medida é prejudicial.  "Essa maneira de pensar que proibição é melhor do que tudo, que a família não tem condição de avaliar, eu vejo como uma forma de subestimar a família", disse durante o lançamento da pesquisa.

Para a publicitária Nádia Rebouças, que integra o Rebrinc (Rede Brasileira Infância e Consumo) e o Conselho do Instituto Alana, o estudo faz uma “avaliação catastrófica” da mudança para assustar o mercado e impedir o avanço da resolução. Ela compara as novas regras da publicidade infantil com a proibição dos anúncios de cigarro, ocorrida no início dos anos 2000.


“Era impossível de se pensar que ia destruir a propaganda, o patrocínio da Fórmula 1, dos esportes – porque nós éramos um país que tinha o cigarro ligado ao esporte profundamente. Então, isso não mudou? Alguém faliu? Deixou-se de vender cigarro? Não. Apenas a sociedade escolheu que isso não é um valor para ser anunciado e repetido em um país em que as crianças ficam em frente a televisão por seis horas (por dia), em média.”

Nádia defende que a sociedade brasileira está passando por um momento de profunda transformação de valores em que os pais estão se conscientizando cada vez mais sobre o que é adequado para seus filhos, mas que a mudança não se dá de maneira uniforme.  “Nós não podemos acreditar que o nível de informação de todos os pais é igual para que eles tenham a autonomia de dizer sim ou não ao produto. Não é essa a realidade do país”, diz.

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Além disso, ela destaca que a publicidade infantil implica em outros problemas, além do estímulo ao consumo exagerado. “Controlar a publicidade infantil resolve problemas da saúde, não só de obesidade, que reflete em vários outros, mas como problemas de sensualidade precoce. O problema é que por na ponta do lápis o custo dessa decisão para o lado social é muito complexo”.

Reproduzido de EBC
15 dez 2014

Ouça a entrevista completa, ou leia a transcrição no site da Rebrinc, aqui: