Faixa

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quinta-feira, 10 de junho de 2021

O Menino Açoriano: algumas memórias de um espaço-tempo distante (Parte 1)

 

Arte: Leo Nogueira Paqonawta (2021)

O Menino Açoriano: algumas memórias de um espaço-tempo distante

Manuel acordava tão cedo que, nem o galo, morador mais barulhento em seu quintal, havia começado a cantar para saudar o Sol que dali a pouco nasceria lá longe, no mar. Ele sabia muito bem o que deveria fazer: se levantar pulando, depressa, e correr atrás do pai que já se preparava para o trabalho do dia. Era sempre assim, todo dia, menos aos domingos. 

Joaquim já estava na faina de preparar os apetrechos para levar à pesca junto com outros companheiros das redondezas. Maria já havia acendido o fogão de lenha, e esquentava umas misturas de folhas de sua horta para acompanhar o pirão e uns nacos de peixes, e terminar de assar uns bolinhos de mandioca para que seu marido levasse para o dia. E cantarolava suas canções que sua própria Mãe a havia ensinado.

Os olhos de Manuel ainda estavam cheios de seus sonhos da noite anterior. Enquanto bocejava e despertava aos poucos, enchia o bucho com a cumbuca de madeira que sua Mãe havia enchido de comida até à borda. E sorria sozinho com as lembranças da madrugada passada...

Ele se via bem no alto de um navio bem grande, e lá embaixo muitos homens se mexendo pra lá e pra cá puxando cordas, redes, carregando caixotes, assobiando e cantando juntos umas canções que lhe pareciam bem familiares... Eram piratas! 

Arte: Leo Nogueira Paqonawta (2021)

– Anda, Ixtepô! Tu não vês que já quase está a amanhecer? Queres mofar como a pomba na balaia? Avia! Depressa! Senão, nada de comida na mesa, nem para levar à Vila e aos Oficiais da Fortaleza! Prometi ao Capitão os melhores peixes! Fique ligeiro, seu molenga! – gritava o Pai, interrompendo de supetão os seus devaneios. E dali a pouco já estavam puxando a canoa a caminho do mar... 

Os companheiros do Pai faziam o mesmo, e mais um pouco os homens já haviam se lançado ao mar. O Sol já começava a aparecer, e a meninada ficou por ali espiando a cena, para depois começar uma gritaria em torno dos achados pela areia, trazidos pelas ondas da tempestade dos dias anteriores. 

Cada qual se gabava daquilo que encontrara, mas Manuel ficou quietinho, quietinho, guardando escondido um objeto que descobriu, bem seguro dentro de um pequeno saco pendurado aos ombros. E voltou ao casebre para cuidar dos bichos, ajudar a Mãe na horta e preparar algumas coisas para a festa de Páscoa da próxima semana. 

Seus olhos brilhavam, muito mais agora do que com o que se lembrava de seus sonhos. Lá dentro do saco, algo cintilante atiçava a sua imaginação... e ele esperaria seu Pai voltar para revelar o seu achado.


Clássica imagem de La Pérouse.
Navegador francês, mostra um panorama de Desterro em 1785, com a presença de uma europeia e uma negra. Acervo Carlos Damião



O Menino açoriano e um mistério a ser desvendado... 

As brincadeiras e tarefas das Crianças naquele dia foram muitas e, Manuel estava bem cansado e sonolento quando a tarde já ia pelo meio e os homens voltavam do mar com o produto de suas pescas. 

Ainda teriam a trabalheira de carregar os cestos cheios de peixes, feitos de tal modo que, os ramos trançados quase que não deixavam passar nem uma gotinha de água. Seu pai Joaquim havia aprendido isso com os antigos habitantes da Ilha, que chamavam desde há muito de “guaranis”. 

Tais apetrechos mantinham os peixes ainda vivos e, certamente bem frescos para a hora de cozinharem ou assarem no fogão improvisado do casebre onde moravam. Do mesmo modo, levariam peixes vivinhos para a Vila dos Oficiais e o respeitado Capitão. 

O Menino Manuel sabia muito bem o que fazer: penduravam balaio por balaio na parte do meio de um pedaço de pau bem forte, e duas pessoas os carregavam, dividindo o peso. Mas, isso de carregar os peixes de tal modo, foi o Avô dele que mostrou como fazia... 

O Velho Manuel deu o mesmo nome àquele neto que ele gostava tanto, porque via nele uma inteligência e curiosidade pela vida bem diferente das demais Crianças das redondezas. Ele não tinha nem 50 anos e ainda era forte para o trabalho, e sabia de coisas muito interessantes de seus estudos, e também curiosidades do que aprendeu lá nas Ilhas dos Açores. Chegou à Ilha com o filho Joaquim ainda pequeno, e outra penca de Crianças que tivera com sua esposa, Maria do Rosário, a Avó do pequeno Manuel. 

Foi nessa lida de carregar e colocar os peixes num laguinho salgado que o Menino Manuel teve um estalo das ideias e, ao invés de revelar o segredo do que achara de manhãzinha para o Pai, agora resolvera confidenciar ao Avô, considerado um Velho muito sábio ali naquela pequena comunidade. 

Mas o Menino Manuel estava tão cansado depois do dia de trabalho, que após comer o que sua Mãe havia preparado para o rancho de todos, deitou-se numa rede num dos cantos do casebre e, com os olhos quase se fechando. Porém, ouvia de longe a voz do Avô contando histórias cheias de saudades, enquanto ia como que se desligando da realidade de seu redor... 

Ainda se sentia pela Ilha os calores do verão que mal terminara, e soprava um ventinho gostoso com cheiro de mar, tão pertinho deles. O céu bem limpo de nuvens brilhava cheio de estrelas. Manuel já dormia, agarradinho com seu achado bem escondido, amarrado à sua cintura... e escutava outros sons... 

Gritos de terror saíam das gargantas, misturados com a água salgada que os ventos da imensa tempestade espalhavam por todos os lados! O navio batera num rochedo e já afundava, mastros se quebravam e velas rodopiavam pra lá e pra cá, espatifando cabeças e esmagando os corpos dos marinheiros que tentavam se segurar em alguma coisa, enquanto tudo sacolejava violentamente! 

O Comandante estava aterrorizado, porque naquele minúsculo baú que tentava segurar, com todas as suas forças, existia um tesouro que lhe compraria terras, além de um belíssimo castelo com o qual sonhava em morar com sua bem-amada noiva em Espanha. Ele que vivia para assaltar outros navios e roubar suas riquezas, já havia escondido outros tesouros, espalhados em muitos lugares por onde passavam durante suas viagens de pirataria pelos mares do Sul, do Norte, do Leste e do Oeste ao redor do mundo que havia velejado e conhecido. 

Dentro daquele bauzinho se encontravam os mapas de onde havia escondido fortuna imensurável, além de anéis, colares, moedas de ouro, e pedras preciosas de valor incalculável, de fazer inveja a reis e rainhas. 

O comandante teve o cuidado de fazer tal baú com uma madeira que boiava, e não tinha nenhuma aparência que revelasse o valor de seu conteúdo. Passaria desapercebido em qualquer lugar, como se fosse uma caixinha de nada, de guardar troços e trecos sem importância nenhuma. Era uma maneira de não despertar atenção, cobiça, inveja de ninguém. 

Raios cortavam os céus em todas as direções fazendo um barulho terrível, ao mesmo tempo em que o mar revolto parecia enlouquecido numa dança de vai-e-vem macabra. Ali perto, enormes rochas se destacavam da escuridão em meio aos relâmpagos fantasmagóricos. O naufrágio era certo! 

Um estrondo enorme se fez ouvir: cataplan! O barco havia se rachado ao meio, depois de bater nuns rochedos para acabar de se despedaçar todo. E o impacto fulminante fez com que os ainda poucos mercenários acabassem por morrer estatelados nas pedras que pareciam cuspir espuma. No meio da tempestade horrível o bauzinho precioso se desprende das mãos do Comandante Pirata, e é levado pelas ondas que o sacolejavam para bem longe daquele lugar sinistro... 

E num pedaço do pesadelo que parecia o final de seu sonho, o Menino Manuel via e ouvia um homem contar e anotar num pedaço de papel, enquanto uma vela bruxuleava em meio à escuridão da cabine de um navio que balançava suavemente. Depois, guardou o papel em uma desprezível caixa de troços e trecos, cheias de pedras preciosas e o belíssimo camafeu de ouro e madrepérola esculpido com o rosto de sua Bem-Amada Señora: 

PLAYA DEL SUR DE LA ISLA DE SANTA CATALINA 

X 

3.500 DOBRÕES DE OURO

85 SACOS DE FLORINS DE OURO

120 SACOS DE FLORINS DE PRATA

13.500 RÉIS DE PRATA

16.000 RÉIS DE OURO

70 QUILATES DE DIAMANTES

100 QUILATES DE SAFIRAS

30 QUILOS DE PÉROLAS


Vista da Ilha de Santa Catarina, Nossa Senhora do Desterro, 1785.
Autor: Duché de Farney.


O Menino açoriano no meio da noite estrelada...
 

“Señora Maria Leonor... Maria Leonor... Maria Leonor”... 

Como se estivesse caindo do mais alto mastro do navio para se estatelar lá embaixo no convés, o Menino Manuel tentava se agarrar ao que quer que fosse para evitar a queda que lhe partiria ao meio, e sabe-se Deus em cima do que se espatifaria, tal era a confusão que a tremenda tempestade provocava. 

Tchibummmmm... Ele caiu! 

O Menino Manuel acorda todo aturdido sobre o chão de sua choupana. Havia caído de sua rede bem no meio da noite, e todos dormiam, cada um no seu cantinho, exceto seu Avô. Com o espaço da choupana iluminado apenas pelas brasas do fogareiro de lenha, olhou ao derredor e se levantou para procurar o Velho Manuel. 

Lá estava o Sábio Ancião, silencioso e solitário dentro da escuridão, contemplando as estrelas e murmurando, quase silenciosamente, suas antigas orações da infância e juventude lá pelas bandas de uma das 9 ilhas açorianas: a saudosa Ilha Faial com sua cidadela Horta. 

- Avô? – chama o Menino esfregando os olhos do sonho e as costelas do tombo... 

- Oh, Menino! Bem que te vi remexendo muito em sua rede! Tivestes outro sonho cheio de mistérios? Conte mais este para este velhinho que vos ama muito! 

Sorrindo com confiança e dando alguns bocejos, ambos se puseram a conversar daqueles dois sonhos. E, assim, o Menino criava o cenário para, enfim, revelar seu achado do dia anterior. 

Somente o zumzumzum dos dois era ouvido enquanto o mar quase que lhes chegava aos pés para poder escutar tais segredos. A noite estrelada resplendia nos céus, enquanto as 5 estrelas do Cruzeiro do Sul piscavam, como testemunhas daqueles dois diminutos seres entabulando um diálogo sobre a areia... 

De repente, um pontinho de luz celeste risca o céu desde acima de suas cabeças até o lado de onde o Sol nasceria dali a pouco. Os dois Manuéis observam aquilo extasiados, depois se olham um no olho do outro, abrem um largo sorriso e se dão num abraço apertado... 

O Menino retira de sua roupa o tal objeto, segura a mão do Avô, e nela deposita aquela coisa que cintilava como as estrelas.



Dobrão de Ouro.
Colônia, D. João V - Casa da Moeda de Vila Rica (Minas Gerais); 20.000 réis 1724,
letra monetária MMMM; ouro 916,6 ‰, 53,78 gramas, Ø: 38 mm.


O Menino tremia de emoção quando depositou na concha da mão de seu Avô aquela moeda dourada, relativamente pesada, brilhante, reluzente. Por um instante, o Velho Manuel fechou seus dedos sobre ela, e ficou em silêncio por mais um pouco, olhos cerrados, respiração lenta, mas o coração batendo descompassado e forte. 

O Pequeno Manuel se deixou ficar ali, porém muito mais aflito, que de tal maneira podia se ouvir os dois corações pulando dentro do peito, querendo saltar pela boca e se transformar em palavras. 

Foi o Velho Manuel que, depois de um looooongo suspiro, disse algo primeiro e surpreendentemente calmo: 

- Meu Neto querido, achastes algo que meu Espírito ansiava muito por encontrar. Quis o Destino que fostes vós que topasse com um sinal daquilo que pertence à nossa sagrada Ordem, por direito, e foi o verdadeiro motivo de nossa vinda com seu pai e tios para essa região, como desterrados de nossa longínqua Faial. 

O Manezinho ouvia aquilo, entre orgulhoso de si mesmo e completamente “estupefacto” - como às vezes seu Avô dizia – pois era a confirmação de uma das muitas histórias que o bom velhinho lhe segredara tantas vezes. E o Manezão continuou.

- Meu Querido Neto Manuel... A Providência Divina nunca falha em Seus desígnios, sempre sábios e justos para uma humanidade, embora os homens e as mulheres neste mundo pouco compreendam das coisas mais profundas e sérias que temos por responsabilidade na Terra onde habitamos... 

O Menino arregala os olhos, e ouvia com as orelhas beeeeem abertas também... 

- A maldade de algumas pessoas pode trazer muita infelicidade para a humanidade inteira, e infelizmente esses a quem chamamos de Piratas já causaram muitos dissabores, até mesmo para Reis e Rainhas. 

O Bom Velho parou de falar um pouco, como se buscasse na memória uma ou outra imagem do passado distante. O Menino também, se lembrava mais ainda de seus sonhos, e eles se tornavam mais nítidos à medida que se concentrava nessas lembranças. E o Manezão continuou. 

- O Povo Português sempre foi muito trabalhador, esforçado e talentoso. Por nossa posição geográfica privilegiada com nossa saudosa Terrinha Lusitana voltada como que com seu rosto para o Grande Mar, também desde cedo se lançou ao desconhecido, enfrentando com coragem e destemor as aventuras “por mares nunca d’antes navegados” por nenhum outro povo europeu. 

- Mas também se embrenhou em muitas lutas sem sentido pelo continente europeu adentro, até ao Oriente Médio. 

O Velho Manuel parou de falar e deixou o pensamento e o sentimento navegar pelas recordações dessas passagens das quais se referiu ao Neto... E continuou depois de outra breve pausa. 

- Toda essa coragem de se lançar ao mar começou com os esforços de nosso valoroso Príncipe Navegador, que também foi Superior de nossa Bem-Amada Ordem. Também por isso que as naus portuguesas levavam estampadas em suas velas o mesmo símbolo majestoso, que nos inspira os mais justos esforços pelo bem dessa humanidade, a quem nos devotamos com os melhores pensamentos, sentimentos e ações para espalharmos a Boa Vontade e a Paz. 

E finalmente o seu Avô toca no assunto que o Menino já desconfiava... 

- Esta Moeda, Pequeno Manuel, é parte de um tesouro que foi roubado de nossa Ordem e, entre nós que fazemos parte dela, sabemos que um Pirata o escondeu aqui ao Sul, por essas bandas da Ilha de Santa Catarina, onde agora vivemos... 

Se o Menino já estava com olhos e orelhas arregalados, agora era sua boca que se abria enormemente. Então, disse: 

- Ohhhhhhhhh!... Eu bem sabia disso. Vi nos meus sonhos! E, agora, Avô, o que faremos para encontrar o tesouro inteiro? 

- Meu Neto... Todo cuidado é pouco e, temos de ser muito discretos para não atiçar a curiosidade das pessoas. Você também não deve falar sobre isso com absolutamente ninguém, pois já vos ensinei muitas coisas que pedem segredo secretíssimo! 

E advertiu o Pequeno: 

- Por ora, façamos silêncio obsequioso! E enquanto continua a fazer suas tarefas diárias com vosso Pai Joaquim, eu tratarei de outros assuntos importantes, nos preparando para receber Sua Majestade o Imperador que, em breves meses, estará visitando nossa região. Tenha muito cuidado, meu Menino, para não dar com a língua nos dentes e colocar tudo a perder! 

Como o Menino sabia que o Avô sempre falava sério, e já habituado às seríssimas observações dele, jurou de pé junto e beijando os dedos em cruz que assim guardaria tal segredo. 

Então, com essas impressões e apreensões, agradeceram à Providência Divina pelo sinal dado pela moedinha dourada, e foram animados para dormir mais um pouco, antes que o dia raiasse. 

O Pequeno Manuel caiu em sua rede e dormiu quase que imediatamente. Mas não teve sonhos... E seu Avô ficou de seu cantinho espiando o Neto, com a moeda escondida entre suas roupas, ainda fazendo algumas orações silenciosas, até que pegou no sono mais profundo. E foi ele quem teve sonhos maravilhosos nesse restinho de madrugada... 


Baú de tesouro
Fonte: https://conteudo.imguol.com.br/c/noticias/f6/2017/06/22/arca-do-tesouro-caca-ao-tesouro-bau-com-tesouro-ouro-indoor-joias-ilustrativa-1498142299380_300x300.jpg.webp

CONTINUA...

segunda-feira, 24 de maio de 2021

Manifesto das Crianças


Mandala das Crianças de Mãos dadas (2018)

Crianças do mundo inteiro, uni-vos!


Vivemos um outro Tempo/Espaço de pás, de baldes, de regadores, enxadas, foices e martelos, de lápis multicoloridos que derrubam todas as cercas, muros e portões, de salas que  separavam os meninos e meninas de seus sonhos.

Crianças, um mundo despedaçado em ruínas espera sua chegada para que outras formas de viver em alegria re-criem a beleza para as futuras estações do Bem Viver.

Sorriam ao compartilharem suas flores, sentem-se à grama e re-criem seus brinquedos. Inspirem outras crianças adormecidas a brincarem também. Quando elas ouvirem suas gargalhadas saberão que podem se juntar à brincadeira e realizar as vontades de sua criativa imaginação.

Ah, crianças, que as manhãs de seus sonhos façam cair os véus das antigas e tristes noites de quando seus sonhos lhes foram retirados. Sejam corajosas, vivam seus ideais, despertem da sonolência que lhes foi imposta pelos contadores de uma história que lhes tirou a dignidade e os finais felizes. Em cinco pétalas e palavras: acordem, brinquem, vivam, realizem, sonhem.

Continentes inteiros esperam sua chegada, crianças, para que da terra brotem as esperanças adormecidas. As cidades mortas, as casas vazias de ternuras, as estradas poeirentas, os campos aguardam sua vinda. Espalhem-se, recriem a natureza à imagem e semelhança de suas aspirações. Que a solidez das flores se desmanche no ar em perfumes ao toque gentil de beija-flores, ao re-en-canto de passarinhos amarelos em bem-te-vis e bem-te-queros anunciando o Grande Dia.

Deixem os bancos enfadonhos das escolas que transformaram as crianças em peças de máquinas, e dispersem-se pelos canteiros em buscas e entregas na des-coberta desse Outro Mundo com seus novos amigos. Ah, crianças, abram suas asas da imaginação para se tocarem e repartirem o que têm des-coberto. Subam às árvores, iniciem hoje essas voltas na espiral do in-finito na revelação desses sonhos.

As flores e os frutos deste jardim são abundantes. Juntem-se para colher mil e um buquês em poesias perfumadas com os aromas da vida, façam suas cestas para depois irem re-partir essas alegrias plantadas e des-cobertas. Anunciem este jardim aos outros, chamem mais crianças para brincar, que estes campos são para todos. Unam-se.

Crianças, que seus corações estejam abertos para compartilhar a riqueza de ideias e ideais de cada um. Que o futuro seja re-construído a partir de seus sonhos de ventura. Com-partilhem, de mãos cheias de alegria, os abraços e cuidados para com tudo e todos. Construam, assim, seu mundo novo, vivo!

Re-inventem suas novas formas de brincar, esqueçam-se das pilhas e dos manuais de instruções de cada jogo que lhes foi ensinado. No amor e companheirismo dedicados uns aos outros poderão ser des-veladas outras maneiras de contar e fazer o mundo. Sejam livres para fazer a sua linda história de amor e solidariedade.

Brinquem, que as árvores e o jardim são de todos, e no universo in-finito a Terra é a escola para essas mil e uma aventuras e bem-aventuranças. Co-movam-se!

Meninas e meninos, tragam seus gracejos e sua vida! Venham com todos os seus brinquedos fazer casinhas nas árvores, re-encontrar uma família de irmãs e irmãos que com-partilhem a vontade de re-criar os laços de ternura e afeto nessa humanidade de seres livres para o amar brincante.

Uma outra era começa a partir de sua semeadura. Que nos canteiros de flores sejam des-marcadas todas as fronteiras de sua meninice, para que seja conquistada nessa partilha a amizade entre todos, numa só pátria de solidariedade como flor desabrochada por seus anseios.

Do mundo antigo há arvores que lhes foram mostradas lindas, como a da liberdade, a da justiça, a dos direitos e tantas outras que jamais lhes foram dadas para brincar. Mas, em seu jardim, todas as novas árvores estarão verdes na primavera de e-ternuridades para vocês balançarem em seus galhos, e se deitarem às suas sombras nos dias de calor. Venham, tragam suas sementes para plantar de novo aquela Esperança que ilumina a Vida.

Sim, isso poderá se realizar em 10 passos como no jogo de amarelinha, pé-ante-pé, indo das tristezas das paisagens que lhes foram dadas até além, onde o céu se põe em espetáculo de cores. Vamos, se abracem. Pulem! Atravessem os caminhos e a Ponte Colorida de mãos dadas. Juntem-se em “mão-nifestações” pelos quatro cantos mundo!

As crianças arrancarão de seus corações, pouco a pouco, todas as ervas daninhas que lhes foram plantadas pela tradição das escolas, como tem acontecido através dos séculos. Isso não acontecerá novamente neste maravilhoso jardim-da-infância. Com-partilhem seus lápis de cores do Arco-Íris e coloram todas as letras com suas vozes e meninices para dar outro sentido às palavras que lhes quiseram calar. Re-vira-voltem a escola pela sabedoria nesses seus voos e passos re-evolutivos!

O seu poder, crianças, está para converter a secura das paisagens em florestas e bosques perfumados de doçura e sorrisos. Desapareçam, como que por encanto, todos os seus medos quando vocês se derem as mãos para isso. Que outros saberes e fazeres re-inventem o mundo pela sabedoria que vem desse amor e espiritualidade que nos irmana a tudo e ao todo.

Borboletas, abelhas, minhocas, passarinhos, todos se aliam a favor de seus sonhos. Em lugar dos antigos blocos de cimento duro ou asfalto seco, juntem-se em suas brincadeiras para que todos possam correr livres pelos jardins e campos à espera de sua vida.

Em resumo, sejam a favor de tudo aquilo que lhes coloquem a caminho dos jardins que esperam a re-evolução nas estações com suas alegrias, com o sol, a lua, as estrelas, a chuva, o vento, o tempo/espaço das bem-aventuranças.

Crianças, coloquem em primeiro lugar, como ponto fundamental, a questão de se apropriarem de todas as terras para plantar flores e grãos com suas pás, baldes e regadores. Finalmente, unam-se para que todos as entendam em todos os países na sua língua de alegria infantil.

As crianças têm toda a infância a perder se não soltarem a imaginação e abrirem as caixas de brinquedos para libertar a Esperança como uma pandorga livre no ar. Têm um mundo a sonhar e realizar como seus.

Crianças do mundo inteiro, uni-vos!*

Paqonawta

.........

Leo Nogueira Paqonawta (Leopoldo). Escrito em 1986, inspirado no Manifesto Comunista de Karl Marx e Friedrich Engels, de 1948, de trás pra frente...

* Re-vira-voltado em 2013, inspirado nas crianças dos quatro cantos do mundo atravessando os caminhos e a Ponte do Lápis Arco-íris, de frente pra trás, de dentro pra fora, de baixo pra cima, de fora pra dentro, de cima pra baixo, re-dimensionando nas des-cobertas nesses passos e voos re-evolutivos pelo Universo in-finito.

Legos de: Descartes, Nietzsche, Marx, Engels, Lenin, Che Guevara, Gorky, Carles Chaplin, Francisco de Assis, Van Gogh, Einsten, Gandhi e Pelé. Veja mais em: http://boletimdaturma.blogspot.com


Reprodução permitida para fins não comerciais.
Pede-se citar a fonte e entrar em contato com o autor: Manifesto das Crianças . Leo Nogueira Paqonawta . ciadapaz@gmail.com . http://ciadapaz.blogspot.com

sexta-feira, 23 de abril de 2021

Os Estatutos do Homem - Thiago de Mello | Los Estatutos del Hombre | Traducción de Pablo Neruda


Os Estatutos do Homem

Thiago de Mello

 

Los Estatutos del Hombre

Traducción de Pablo Neruda

 

.........

 

Os Estatutos do Homem

Thiago de Mello

 

(Ato Institucional Permanente)

A Carlos Heitor Cony

 

Artigo I.

Fica decretado que agora vale a verdade.

agora vale a vida,

e de mãos dadas,

marcharemos todos pela vida verdadeira.

 

Artigo II.

Fica decretado que todos os dias da semana,

inclusive as terças-feiras mais cinzentas,

têm direito a converter-se em manhãs de domingo.

 

Artigo III.

Fica decretado que, a partir deste instante,

haverá girassóis em todas as janelas,

que os girassóis terão direito

a abrir-se dentro da sombra;

e que as janelas devem permanecer, o dia inteiro,

abertas para o verde onde cresce a esperança.

 

Artigo IV.

Fica decretado que o homem

não precisará nunca mais

duvidar do homem.

Que o homem confiará no homem

como a palmeira confia no vento,

como o vento confia no ar,

como o ar confia no campo azul do céu.

Parágrafo único:

O homem, confiará no homem

como um menino confia em outro menino.

 

Artigo V.

Fica decretado que os homens

estão livres do jugo da mentira.

Nunca mais será preciso usar

a couraça do silêncio

nem a armadura de palavras.

O homem se sentará à mesa

com seu olhar limpo

porque a verdade passará a ser servida

antes da sobremesa.

 

Artigo VI.

Fica estabelecida, durante dez séculos,

a prática sonhada pelo profeta Isaías,

e o lobo e o cordeiro pastarão juntos

e a comida de ambos terá o mesmo gosto de aurora.

 

Artigo VII.

Por decreto irrevogável fica estabelecido

o reinado permanente da justiça e da claridade,

e a alegria será uma bandeira generosa

para sempre desfraldada na alma do povo.

 

Artigo VIII.

Fica decretado que a maior dor

sempre foi e será sempre

não poder dar-se amor a quem se ama

e saber que é a água

que dá à planta o milagre da flor.

 

Artigo IX.

Fica permitido que o pão de cada dia

tenha no homem o sinal de seu suor.

Mas que sobretudo tenha

sempre o quente sabor da ternura.

 

Artigo X.

Fica permitido a qualquer pessoa,

qualquer hora da vida,

uso do traje branco.

 

Artigo XI.

Fica decretado, por definição,

que o homem é um animal que ama

e que por isso é belo,

muito mais belo que a estrela da manhã.

 

Artigo XII.

Decreta-se que nada será obrigado

nem proibido,

tudo será permitido,

inclusive brincar com os rinocerontes

e caminhar pelas tardes

com uma imensa begônia na lapela.

Parágrafo único:

Só uma coisa fica proibida:

amar sem amor.

 

Artigo XIII.

Fica decretado que o dinheiro

não poderá nunca mais comprar

o sol das manhãs vindouras.

Expulso do grande baú do medo,

o dinheiro se transformará em uma espada fraternal

para defender o direito de cantar

e a festa do dia que chegou.

 

Artigo Final.

Fica proibido o uso da palavra liberdade,

a qual será suprimida dos dicionários

e do pântano enganoso das bocas.

A partir deste instante

a liberdade será algo vivo e transparente

como um fogo ou um rio,

e a sua morada será sempre

o coração do homem.

 

.........

 

Los Estatutos del Hombre

Thiago de Mello

Traducción de Pablo Neruda


A Carlos Heitor Cony

 

Artículo I.

Queda decretado que ahora vale la verdad,

que ahora vale la vida,

y que, tomándonos las manos,

todos trabajaremos por la vida verdadera.

 

Artículo II.

Queda decretado que todos los días de la semana,

incluso los martes más cenicientos,

tienen derecho a convertirse en mañanas de domingo.

 

Artículo III.

Queda decretado que, a partir de este momento,

habrá girasoles en todas las ventanas,

que los girasoles

tendrán derecho

a abrirse dentro de la sombra,

y que las ventanas deberán permanecer, todo el día,

abiertas hacia el verde donde crece la esperanza.

 

Artículo IV.

Queda decretado que el hombre

nunca más necesitará dudar del hombre.

Que el hombre confiará en el hombre

como la palmera confía en el viento,

como el viento confía en el aire,

como el aire confía en el espacio azul del cielo.


Parágrafo único:

El hombre confiará en el hombre

como un niño confía en otro niño.

 

Artículo V.

Queda decretado que los hombres

están libres del zumo de la mentira.

Nunca más será necesario usar

la coraza del silencio ni la armadura de palabras.

El hombre se sentará a la mesa

con su mirada limpia

porque la verdad se servirá

antes del postre.

 

Artículo VI.

Queda establecida, durante los siglos que dure la vida,

la práctica soñada por el profeta Isaías,

y el lobo y el cordero pastarán juntos

y la comida de ambos gustará como la aurora.

 

Artículo VII.

Por decreto irrevocable queda establecido

el reinado permanente de la justicia y de la claridad,

y la alegría será una bandera generosa

para siempre desplegada en el alma del pueblo.

 

Artículo VIII.

Queda decretado que el mayor dolor

siempre fue y será siempre

no poder dar amor a quien se ama,

sabiendo que es el

quien ofrece a la planta el milagro de la flor.

 

Artículo IX.

Queda permitido que el pan de cada día

tenga en el hombre la señal de su sudor.

Pero que, sobre todo, tenga siempre

el caliente sabor de la ternura.

 

Artículo X.

Queda permitido a cualquier persona,

a cualquier hora de la vida,

el uso del traje blanco.

 

Artículo XI.

Queda decretado, por definición,

que el hombre es una animal que ama

y que por eso es bello,

mucho más bello que la estrella de la mañana.

 

Artículo XII.

Se decreta que nada será obligado ni prohibido.

Todo será permitido,

incluso jugar con los rinocerontes

y pasear al atardecer

con una inmensa begonia en la solapa.

 

Parágrafo único:

Solo se prohíbe una cosa:

amar sin amor

 

Artículo XIII.

Queda decretado que el dinero

nunca más podrá comprar

el sol de las mañana venideras.

Expulsado del gran baúl del miedo,

el dinero se transformará en una espada fraternal

para defender el derecho de cantar

en la fiesta del día que llegó.

 

Artículo final.

Queda prohibido usar la palabra libertad,

la cual será suprimida de los diccionarios

y de la ciénaga engañosa de las bocas.

A partir de este instante

la libertad será algo vivo

y como un fuego o un río,

y su hogar siempre será

el corazón del hombre.

 

.........

 

*

Os Estatutos do Homem,

Santiago do Chile,

abril de 1964

 

Fonte: DHnet

 

**

Los Estatutos del Hombre,

Quinta Normal,

Santiago de Chile,

abril del 64.

 

Fonte: CrearenSalamanca


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Declaração Universal dos Direitos da Mãe Terra


Declaração Universal dos Direitos da Mãe Terra

Preâmbulo

Nós, os povos da Terra:

Consideramos que todos somos parte da Mãe Terra, uma comunidade indivisível vital dos seres interdependentes e inter-relacionados com um destino comum;

Reconhecemos com gratidão que a Mãe Terra é fonte de vida, alimento, ensino e fornece tudo aquilo que nós necessitamos para viver bem;

Reconhecemos que o sistema capitalista e todas as formas de depredação, exploração, abuso e contaminação causaram grandes destruições, degradações e alterações à Mãe Terra, pondo em risco a vida tal como a conhecemos hoje, produto de fenômenos como a mudança do clima;

Convencidos de que numa comunidade de vida interdependente não é possível reconhecer somente os direitos dos seres humanos, sim provocar um desequilíbrio na Mãe Terra.

Afirmamos que para garantir os direitos humanos é necessário também reconhecer e defender os direitos da Mãe Terra e de todos os seres que a compõe, e que existem culturas, práticas e leis que o fazem.

Conscientes da urgência de realizar ações coletivas decisivas para transformar as estruturas e sistemas que causam as mudanças climáticas e outras ameaças à Mãe Terra;

Proclamamos esta Declaração Universal dos Direitos da Mae Terra, e fazemos um chamado à Assembleia Geral das Nações Unidas para adota-la, como propósito comum para todos os povos e nações do mundo, com a finalidade de que tanto os indivíduos como as instituições, responsabilizem-se em promover através do ensino, a educação e a conscientização, o respeito para com estes direitos reconhecidos nesta Declaração e assim assegurar através de medidas e mecanismos efetivos e progressivos de caráter nacional e internacional, o seu reconhecimento e aplicação universal entre todos os povos e países do Mundo.

 

Propostas e resumos


Artigo 1: A Mãe Terra

A Mãe Terra é um ser vivo.

A Mãe Terra é uma única comunidade, indivisível e autorregulada, de seres interrelacionados que sustem, contem e reproduz a todos os seres que a compõe.

Cada ser se define pelas suas relações como parte da integrante da Mãe Terra.

Os direitos inerentes da Mãe Terra são inalienáveis porque derivam-se da fonte mesma da existência.

A Mãe Terra e todos os seres que a compõe são titulares de todos os direitos inerentes reconhecidos nesta Declaração sem nenhum tipo de distinção, como pode ser entre seres orgânicos e inorgânicos, espécies, origem, usos para os seres humanos, ou qualquer outro status.

Assim como os seres humanos possuem os seus direitos, todos os demais seres da Mãe Terra também possuem direitos específicos da sua condição e apropriados para o seu papel e função dentro das comunidades em nas quais existem.

Os direitos de cada ser são limitados pelos direitos dos outros seres, e qualquer conflito entre estes direitos deve ser resolvido de maneira que seja mantida a integridade, equilíbrio e saúde da Mãe Terra.

Artigo 2: Direitos Inerentes da Mãe Terra

A Mae Terra e todos os seres que a compõe possuem os seguintes direitos inerentes:

Direito da Vida e a existir;

Direito a ser respeitados;

Direito à regeneração da sua biocapacidade e continuação dos seus ciclos e processos vitais livre das alterações humanas;

Direito a manter a sua identidade e integridade como seres diferenciados, autorregulados e interrelacionados;

Direito da água como fonte de vida;

Direito ao ar limpo;

Direito da saúde integral;

Direito de estar livre da contaminação, poluição e resíduos tóxicos ou radioativos;

Direito a não ser alterada geneticamente e modificada na sua estrutura, ameaçando assim a sua integridade ou funcionamento vital e saudável;

Direito a uma plena e pronta restauração depois de violações aos direitos reconhecidos nesta Declaração e causados pelas atividades humanas;

Cada ser tem o direito a um lugar e a desempenhar o seu papel na Mãe Terra para o seu funcionamento harmônico;

Todos os seres possuem o direito ao bem-estar e a viver livre de tortura ou trato cruel por parte dos seres humanos.

Artigo 3: Obrigações dos seres humanos para com a Mãe Terra

Todos os seres humanos são responsáveis de respeitar e viver em harmonia com a Mãe Terra;

Os seres humanos, todos os Estados e todas as instituições públicas e privadas devem:

Atuar de acordo com os direitos e obrigações reconhecidos nesta Declaração;

Reconhecer e promover a aplicação e a plena implementação dos direitos e obrigações estabelecidos nesta Declaração;

Promover e participar na aprendizagem, análise, interpretação e comunicação sobre como viver em harmonia com a Mãe Terra de acordo com esta Declaração;

Assegurar que a procura do bem-estar humano contribua ao bem-estar da Mãe Terra, agora e no futuro;

Estabelecer e aplicar efetivamente normas e leis para a defesa, proteção e conservação dos Direitos da Mãe Terra;

Respeitar, proteger, conservar e onde seja necessário restaurar a integridade dos ciclos, processos e equilíbrios vitais da Mãe Terra.

Garantir que os danos causados pelas violações humanas dos direitos inerentes reconhecidos nesta Declaração sejam corrigidos e que os responsáveis prestem contas para restaurar a integridade e a saúde da Mãe Terra;

Autorizar a todos os seres humanos e as instituições a defender os direitos da Mãe Terra e de todos os seres que a compõe;

Estabelecer medidas de precaução e restrição para prevenir que as atividades humanas conduzam à extinção das espécies, à destruição dos ecossistemas ou a alteração dos ciclos ecológicos;

Garantir a paz e eliminar as armas nucleares, químicas e biológicas;

Promover e apoiar práticas de respeito para com a Mae Terra e todos os seres que a compõe, de acordo com as suas próprias culturas, tradições e costumes.

Promover sistemas econômicos em harmonia com a Mae Terra e de acordo com os direitos reconhecidos nesta Declaração.

Artigo 4: Definições

O termo “ser” inclui os ecossistemas, comunidades naturais, espécies e todas as outras entidades naturais que existem como parte da Mãe Terra.

Nada nesta Declaração poderá restringir o reconhecimento de outros direitos inerentes de todos os seres o de qualquer em particular.

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 Arte: Beatriz Aurora

Declaração da #Rio92 na Cúpula da Terra - Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento.


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Dia da Terra 2021, 22 de abril

Fonte: Rio92 com tradução para o Inglês, espanhol e Francês.